28/05/2024 às 11h30Dragonbane – Um RPG de fantasia clássica
Com 7 jogos já publicados, a franquia de jogos Hidden Cats traz uma combinação perfeita entre procurar por pequenos detalhes no cenário e, claro, gatinhos! Confira nosso review e entrevista exclusiva com a equipe da Nukearts!
Se você ama gatos, curte jogos relaxantes (os famosos “cozy games”) e adorava achar o Wally, vai encontrar um prato cheio nessa franquia felinamente fofa. Desenvolvido pela empresa de Joinville Nukearts, os jogos são perfeitos para todas as idades e, por mais simples que a premissa possa parecer, me peguei procurando gatos por horas e nem vi o tempo passar!
Cada jogo Hidden Cats é dedicado a uma cidade (verdadeira ou fictícia), permitindo o jogador a, por exemplo, procurar por vários gatinhos em Londres, Paris, Berlim ou até mesmo na vila do Papai Noel. Os cenários em preto-e-branco são coloridos parte a parte conforme os gatos são encontrados em determinadas áreas, e vemos animações lindas, assim como cenas bem engraçadas. É possível usar o zoom para enxergar melhor algumas partes do cenário – que é enorme – e se divertir entendendo a rotina felina e humana das cidades.
Em jogos como Hidden Cats in Santa’s Realm, após concluir a fase inicial, temos várias fases bônus, com animações interativas e gatos em lugares totalmente escondidos, e também temos desafios para encontrar outros elementos. Após ter achado todos os gatinhos lindos, precisamos procurar por um certo elfo, pé grande ou velha escondidos no grande cenário. Isso aumenta muito a quantidade de horas de jogo, já que algumas fases trocam a posição dos gatos para não ficar repetitivo.
Hidden Cats in Santa’s Realm, olha minha gatinha ali! (Foto: Divulgação)
Tivemos a oportunidade de conversar com a equipe da Nukearts pra perguntar tudo sobre Hidden Cats. Agradecemos ao Thiago Giovanne Dominoni (CEO e diretor criativo) e Renan Hames (programador sênior) pela entrevista!
Thiago: Antes da série Hidden Cats ser iniciada, já tinhamos feito dois pequenos jogos de puzzle 3D, um advergame de luta em estilo pixel art para uma campanha de endomarketing da agência Wieden&Kennedy SP, além de projetos para clientes que flertavam de alguma forma com o universo de games. Isso tudo era parte de um plano de uma nova transformação do modelo de negócio da empresa, que visava migrar para o formato de um estúdio de desenvolvimento de games, totalmente focado em propriedades intelectuais próprias. Porém nós sempre tivemos muito cuidado para termos um bom equlíbrio entre risco e retorno enquanto há um longo processo de aprendizado. Após termos lancado os produtos mencionados acima, tivemos uns bons aprendizados, e com isso recomecamos uma nova pesquisa de mercado. A pergunta era: Qual o gênero de jogo que conseguimos aproveitar o que temos de melhor e que tenha um nível de complexidade e tempo de produção aceitável para o nosso contexto?
Sempre fomos um estúdio com muita força na parte visual. Tanto eu como meu sócio somos designers e ilustradores, isso está na essência da empresa desde o início, fazia sentido então apostarmos em um projeto com produção em arte 2D. Na época, em meu tempo livre, estava brincando um pouco com ilustração Search&Find, e comprando livros como Onde Está o Wally e outros! Esse foi um start para uma pesquisa de mercado de jogos do gênero de Hidden Objects. No universo mobile esses jogos tem uma grande relevância, porém sao jogos free-to-play (gratuitos) em um mercado extremamente difícil e praticamente impossível ter visibilidade sem um enorme investimento em marketing. Já no mercado premium, o que você simplesmente compra um produto e joga ele, com as facilidades da Steam (maior plataforma de jogos do mundo atualmente), fica bem acessível a publicação, e um pouco mais fácil conseguir visibilidade se o jogo tiver um nível condizente com o que o seu público espera.
Hidden Cats in Spooky Town tá cheio de easter eggs! (Foto: Nukearts)
Na pesquisa inicialmente focada em mercado de jogos premium para PC/Steam, encontramos uma categoria exclusiva para jogos de Hidden Objects, e nela haviam alguns jogos maiores como o Hidden Folks, mas também alguns mini-games de pequenos desenvolvedores. Outro ponto interessante lendo análises de jogadores, é que o público é bem misto tanto em gênero como idade, muito pais jogos com seus filhos pequenos, e muitos adultos e idosos também jogam para relaxar. Bom, neste ponto já tínhamos entao decidido que testaríamos a hipótese de um jogo de hidden objects 2D, curto e barato, tanto para produzir como para o preço de venda na Steam. Restava saber qual seria o tema.
Eu gosto muito de viajar, e nos livros do Wally existem alguns onde ele visita cidades ou regiões famosas do mundo, e eu ainda não havia encontrado algo nessa linha dentro da Steam. Outro tema que havia percebido que estava crescendo, eram jogos com gatos – literalmente qualquer jogo que tenha gato como parte do tema. A partir daqui foi fácil decidir por Paris para ser a cidade do jogo, pois ela é muito icônica, com diversos monumentos para desenhar, e está bem difundidada entre vários tipos de público. Os pilares para guiar o design e desenvolvimento se resumiram em: JOGO PARA RELAXAR + GATOS + VIAJAR E CONHECER NOVAS VIDADES.
Thiago: A parte de game design e direção de arte já estava feita, pois ela foi resultado da pesquisa de mercado, o diferencial for a ideia de ter um único e grande mapa da cidade, em uma vista frontal, com uma ilustração superior aos jogos concorrentes. A primeira versao do Hidden Cats in Paris levou cerca de 2 meses para a arte ser feita e cerca de 1 mês para a programacao e publicação. Na época tudo ainda era uma aposta, portanto decidimos produzir de forma simplificada, mesmo que isso causasse algum débito técnico para ser refeito no futuro. Vale citar que a mecânica de encontar objetos escondidos é uma coisa básica para jogos de hidden objects, porém nós incluimos a mecânica de colorir o cenário quando o jogador encontra os gatos de uma determinada área por exemplo, e também temos sons de ambiência variados conforme você procura pela cidade e chega perto de áreas diferentes. Isso é extremamente gratificante e relaxante, é quase um livro de colorir em formato audiovisual.
Dá até pra ouvir “Smelly cat, smeeelly cat!” nessa fase bônus de Hidden Cats in New York (Foto: Nukearts)
Os gatos miam as vezes, e isso serve como dica para jogador encontrar. O jogo foi bem aceito, e também tivemos feedbacks e aprendizado com o público. Eles pediam por mais fases dentro de um jogo, mesmo que custasse um pouco a mais. A partir daqui foi onde comecamos um novo plano, com o projeto Hidden Cats in London, desta vez com mais modos de jogo e mais fases. Ele foi o guia para a evolução constante que temos hoje, porém levou 6 meses para produzir e publicar, pois exigiu o treinamento de novos membros de equipe, desenvolvimento de ferramentas para facilitar o trabalho.
Durante o processo de desenvolvimento e lancamento desses dois jogos nós fizemos diversas atualizações baseadas em solicitações do público, o que permitiu enxergar melhor as possibilidades nesse gênero de jogo, e culminou na producao do Hidden Cats in New York, com experimentos em novas animações e o padrão de projeto refeito para melhorar a performance, bem como uma DLC paga, com um livro de colorir em PDF. A DLC foi uma surpresa, pois não esperávamos nada dela, e no fim ela vende bem até hoje. Isso virou padrão para todos os nossos jogos da série Hidden Cats. Além disso, o Hidden Cats in Paris recebeu um update grande de conteúdo para se balisar com os outros produtos da série, já que até então, como ainda era o primeiro jogo, só tinha a fase da cidade. O Hidden Cats in New York levou 9 meses para sair e depois mais 3 meses de atualizações constantes. A partir daqui foi onde tínhamos as coisas bem estruturadas e conseguimos acelerar a produção e reduzir o custo. Hoje conseguimos fazer uma quantidade de coisas a mais, com apenas 3 meses de produção, e até em 2 em como foi o Santa’s Realm, para conseguir publicar no Natal de 2023. Daqui pra frente queremos estruturar melhor o fluxo de produções para conseguir termos uma boa folga para investir melhor em marketing de pré-lancamento.
“…a mecânica de encontar objetos escondidos é uma coisa básica para jogos de hidden objects, porém nós incluimos a mecânica de colorir o cenário quando o jogador encontra os gatos de uma determinada área por exemplo, e também temos sons de ambiência variados conforme você procura pela cidade e chega perto de áreas diferentes. Isso é extremamente gratificante e relaxante, é quase um livro de colorir em formato audiovisual.”
Thiago: Do ponto de vista técnico-artístico estamos falando de um game, então não basta apenas fazer uma ilustração de toda a fase, e exportar como uma imagem. Para podermor colorir o cenário parte por parte por exemplo, temos que exportar cada prédio, árvore, carro, personagem, gato, tudo separado, em versão monocromática e colorida. Nós precisamos planejar tudo, organizar centenas de arquivos, colorir tudo, montar pré-visualizacoes e depois exportar. No início tudo era extremamente manual, mas hoje já temos ferramentas para agilizar o processo de exportação das imagens por parte de nosso artistas. Elas já saem como um pacote com informações para o nosso construtor de fase pré-montar a cena, e então os programadores concluem os detalhes e fazem tudo funcionar.
Os cenários de Hidden Cats são enormes! (Foto: Nukearts)
Renan: Quando falamos de desenvolvimento de jogos, sempre há diversos desafios, pois mesmo nas mecânicas mais simples sempre há vários níveis de complexidade abaixo que não são vistos pelo jogador. Montar a mecânica base de encontrar e colorir os gatinhos é relativamente simples para quem já é da área. O grande ponto de diferencial que buscamos nos nossos jogos é o refinamento desse simples, a sensação que tentamos transmitir de satisfação quando o jogador encontra um gato ou todos os gatos de uma certa parte do game.
O maior desafio que tivemos no quesito de programação foi tornar a base do jogo versátil para que possamos trabalhar em novas cidades após cada jogo. Temos que manter sempre a qualidade de cada jogo e ainda por cima trazer novidades, assim sendo, temos que criar, manter e atualizar ferramentas que nos ajude a manter essa base do game para cada nova cidade, em cada cidade teremos estruturas diferentes e também gatos e outros elementos dispostos de forma diferente pelo jogo, agilidade mantendo a qualidade nesse processo é essencial. Isso ainda é só falando em programação, há desafios tão grandes ou maiores ainda na área de arte e design para entregar um produto de qualidade para os nossos jogadores.
“Quando falamos de desenvolvimento de jogos, sempre há diversos desafios, pois mesmo nas mecânicas mais simples sempre há vários níveis de complexidade abaixo que não são vistos pelo jogador. Montar a mecânica base de encontrar e colorir os gatinhos é relativamente simples para quem já é da área. O grande ponto de diferencial que buscamos nos nossos jogos é o refinamento desse simples, a sensação que tentamos transmitir de satisfação quando o jogador encontra um gato ou todos os gatos de uma certa parte do game.”
Thiago: Hoje temos 7 jogos da série Hidden Cats na Steam (Paris, London, New York, Rome, Berlin, Spooky Town e Santa’s Realm), e dois deles já estao disponíveis também nos consoles (London e New York). Ainda neste semestre teremos um jogo de quebra-cabecas baseado na franquia, será um jogo com conteúdo inicial grátis e depois DLCs pagas. Até o fim do ano também teremos um Hidden Cats em uma famosa cidade asiática, e desta vez vamos experimentar um pouco de história no jogo. Também teremos uma nova franquia de jogos de hidden objects baseaos nos mapas isométricos que temos nos Hidden Cats hoje. São cenas mais difíceis e agradam um tipo de público deste gênero que buscam coisas mais desafiadoras. Ainda da série Hidden Cats, neste ano teremos todos os outros jogos nos consoles, e estamos também produzindo uma edição em uma cidade brasileira, ainda sem data de lancamento.
Renan: Estamos sim com novos projetos em vista para a nossa franquia, onde teremos novas cidades em que nossos gatos estão tentando se esconder dos jogadores e em cada jogo buscamos trazer novas mecânicas também para enriquecer a experiência. Muito disso ainda é mantido em segredo por questões de estratégia da empresa, mas acho que posso adiantar que em um futuro próximo teremos a primeira cidade brasileira da série.
Hidden Cats in Rome é tão lindo! (Foto: Nukearts)
Thiago: Essa ideia veio ao brincar com os nossos próprios pets, foi algo como “tu seria uma criatura legal num jogo de card game”. Bom, não temos nenhum cardgame (jogo de cartas) como produto, mas mesmo assim demos um jeito de colocar na série e deixar divertido, além disso também foi ótimo para desenharmos gatos especiais fictícios e explorar a criatividade. O principal feedback é que o gato do tutor fica eternizado num jogo digital e é uma memória legal, outros jogadores acabam vendo o seu gato.
Rola bastante feedback positivo na Steam, seja nas reviews diretamente ou dentro da área do upload de screenshots. Então isso virou já padrão em todos os jogos da série, atualmente com gatos nossos, de amigos das pessoas da empresa, já tivemos também gatos internacionais de algumas pessoas que conhecemos digitalmente. Atualmente ainda não vamo abrir para o público se candidatar para colocar o seu gato, mas é uma ideia futura. Outra ideia baseada em feedbacks dos jogadores, é ter uma área do jogo onde você possa visualizar a a carta novamente.
Renan: Primeiro de tudo foi uma honra ter a Hadouken em um dos nossos games, é sempre uma experiência bem legal poder deixar os jogadores mais próximos dos nossos jogos e devo acrescentar que a reação das pessoas ao ver os seus gatinhos representados dentro do game sempre nos trás uma alegria a mais ao finalizar um projeto. Estamos sempre atentos às opiniões dos nossos jogadores e muitas ajudaram a moldar parte dos nossos jogos, algumas dessas sugestões são aplicadas ainda no jogo depois do lançamento enquanto outras são em jogos futuros dependendo da estratégia da empresa. Idealmente eu diria que gostaria de atender a todos, nem sempre é possível, mas nossos jogadores sabem que mesmo assim olhamos com carinho a todas as sugestões.
Além de encontrar gatinhos, vemos locais diferentes do mundo todo, como Paris (Foto: Nukearts)
Thiago: Para mim é a parte inicial do processo de producao em si! A escolha do tema/cidade e criação do briefing do projeto, é onde coloco a minha visão que será a direção para todo o time, mas principalmente para o time de arte. Mas se for falar do jogo em si, eu gosto muito das cartas, e da sensação de colorir a cidade, e atualmente também gosto muito das cenas do bônus em vista isométrica, pois dá uma liberdade criativa imensa.
Renan: Escolher uma parte favorita é bem difícil. Pessoalmente, a parte que ainda me deixa mais contente com o meu trabalho é justamente a possibilidade de colocarmos os gatos das pessoas dentro dos games. Todo o processo de ver o quanto as pessoas ficam contentes em saber que podem ter o seu gato representado no game, a expectativa e depois a alegria ao jogadores o game e encontrarem os seus gatos é único. Como jogador, eu adoro ver as referências que fazemos dentro dos jogos. Hidden Cats in New York possui várias referências de obras que vi na minha infância no cinema ou TV e é muito bom ver no contexto desses jogos
Com o lançamento futuro de Hidden Cats in Tokyo (que fizemos uma matéria aqui!), atualmente os jogos publicados da franquia incluem Hidden Cats in Paris, Hidden Cats in London, Hidden Cats in New York, Hidden Cats in Spooky Town, Hidden Cats in Rome, Hidden Cats in Santa’s Realm (meu preferido!) e Hidden Cats in Berlin. Jogue Hidden Cats agora mesmo através da loja da Steam e nas principais plataformas de consoles. Boa busca ronronante pra todo mundo!
